Henry ainda está deitado, à espera do sono.Pelos padrões contemporâneos, segundo quaisquer padrões, é perverso ele nunca ter se cansado de fazer amor com Rosalind, nunca ter sido tentado seriamente pelas oportunidades que cruzaram seu caminho em função da lógica geral da hierarquia médica.Quando pensa em sexo, pensa nela.Aqueles olhos, aqueles peitos, aquela língua, aquele acolhimento.Quem mais poderia amá-lo de forma tão hábil, com tanto calor e tanto bom humor, ou acumular um passado tão rico, junto com ele? No tempo de uma vida, não seria possível encontrar outra mulher com quem ele pudesse aprender a ser tão livre, a quem ele pudesse agradar com tamanho desprendimento e tanta perícia.Por algum acidente de caráter, é a familiaridade que o excita, mais do que a novidade sexual.Suspeita que exista algo entorpecido, ou tímido, em si mesmo.
Sábado
Ian McEwan
Companhia das Letras
Pág.54/55
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